“O
termo 'neoplasticismo' é inseparável do De Stijl, pois definia a abordagem do
grupo, segundo a qual a elaboração estava limitada às três cores primárias
acrescidas de preto, branco e cinza, e os elementos composicionais se limitavam
a linhas horizontais e verticais, bem como superfícies retangulares. Além
disso, equilíbrio e harmonia a essência do design De Stjil – não deveriam
recorrer à simetria. Essas regras nem sempre eram respeitadas, mas os elementos
composicionais definiram um estilo que prosseguiu até muito depois da saída de
Mondrian do grupo, em 1923.”(10)
Não se pode confirmar
se o De Stijl foi um movimento que gerou uma revista ou se uma revista que
gerou um movimento completo, forte e inovador; no entanto, analisa--se a
evolução e a dissolução do Neoplasticismo. Embora as suas origens estejam nas
artes decorativas, o movimento De Stijl desenvolveu uma ornamentação que
refletia a influência do cubismo e rejeitava o artesanato em favor de um
anti-naturalismo geométrico.
Primeiro Manifesto (1918):
I. Há
dois conhecimentos dos tempos: um antigo e um novo. O antigo dirige-se para o individualismo,
o novo encaminha-se para o universal. A luta do individual contra o universal
revela-se tanto na guerra mundial quanto na arte de nossa época.
II. A
guerra destrói o mundo antigo com o seu conteúdo: a dominação individual sob
todos os pontos de vista.
III. A
arte nova atualiza o que está contido no novo conhecimento dos tempos:
proporções iguais do universal e do individual.
IV. O
novo conhecimento do tempo está prestes a se realizar em tudo, mesmo na vida
exterior.
V. As
tradições, os dogmas e as prerrogativas do individualismo (o natural) se opõem
a esta realização.
VI. O
objetivo da revista de arte De Stijl é apelar para todos aqueles que acreditam
na reforma a arte e da cultura para aniquilar tudo o que impede o
desenvolvimento, do mesmo modo que fizeram no campo da arte nova, suprimindo
a forma natural que contraria a própria expressão da arte, a consequência mais
alta de cada conhecimento artístico.
VII. Os
artistas de hoje tomaram parte na guerra mundial no domínio espiritual,
impelidos pelo mesmo conhecimento contra as prerrogativas do individualismo: o
capricho com todos aqueles que combatem espiritualmente ou materialmente para a
formação de uma unidade internacional na Vida, na arte e na Cultura.
VIII. O
órgão De Stijl, fundado com esse fim, despende todos os seus esforços para
tornar clara a nova ideia da vida. A colaboração de todos é possível pelo:
envio do nome, endereço, profissão à nossa redação, como prova de assentimento:
contribuições (críticas, filosóficas, arquiteturais, científicas, literárias,
musicais, etc., assim como reproduções fotográficas) para o periódico mensal De
Stijl; tradução em todas as línguas e publicações das ideias publicadas em De
Stijl.
Quinto Manifesto (1923):
I.
Trabalhando coletivamente, examinamos a arquitetura como unidade criada de
todas as artes, indústria, técnica, etc., e descobrimos que a consciência disso
seria um novo estilo.
II.
Examinamos as leis do espaço e suas variações infinitas (isto é, os contrastes
de espaço, as dissonâncias de espaço, os complementos de espaço, etc.)., e
descobrimos que todas essas variações do espaço devem ser governadas como uma
unidade de equilíbrio.
III.
Examinamos as leis da cor no espaço e na duração e descobrimos que as relações
equilibradas desses elementos dão enfim uma unidade nova e positiva.
IV.
Examinamos a relação entre o espaço e o tempo, e descobrimos que o aparecimento
desses dois elementos através da cor produz uma nova dimensão.
V. Examinamos as relações recíprocas da
medida, da proposição, do espaço, do tempo e dos materiais, e descobrimos o
método definitivo de construí-los como uma unidade.
VI. Pelo rompimento da caixa fechada (os
muros, etc.) acabamos com a dualidade do interior e do exterior.
VII. Damos à cor o seu verdadeiro lugar na
arquitetura e declaramos que a pintura separada da construção arquitetural
(isto é, o quadro) não tem nenhuma razão de ser.
VIII. A época da destruição está totalmente
superada. Uma nova época começa, a da construção.
A revista nasce na
Holanda e não durou mais que 14 anos, teve por centro a obra de 3 homens, sendo
uma aliança de artistas, arquitetos e designers: Piet Mondrian (pintor), Theo
van Doesburg (pintor, designer e arquiteto) e Gerrit Rietveld (1888-1964)
(arquiteto) . Em 1917, Doesburg publicou o primeiro número e já na sua primeira
edição trazia a configuração que teria até ao seu término: expunha obras de
arte, artistas, ensaios e aquilo que mais influenciaria as artes da época: os
manifestos.
De Stijl estava dirigida e dominada
por Van Doesburg e chegou a ser um órgão importante da vanguarda internacional
até que deixou de ser publicada em 1932. Nada melhor para introduzir e
exemplificar os assuntos abordados do que a introdução da primeira revista feita
por ele mesmo:
“O
objeto da natureza é o homem, o objeto do homem é o estilo”
Theo van Doesburg, introdução ao Volume
II de "De Stijl", 1919
Van Doesburg e
Mondrian foram os principais teóricos da revista e lançaram-na afim de divulgar
as suas ideias. As semelhanças entre as pinturas dos artistas neoplasticistas
são tão grandes que, em dado período da produção do grupo, a autoria permaneceu
quase que indistinguível. O neoplasticismo pode
também ser associado ao abstracionismo ou ser encarado como uma de suas
variações radicais, tal como o suprematismo soviético, representado sobretudo
pelo ucraniano Malevich.
Figura 4: Tradução inglesa em De Stijl
(catálogo de exposição), Amesterdão, Stedeliijk Museum, 7 de junho - 9 de
setembro de 1951.
(10) FARTHING, Stephen. Tudo
sobre arte. Rio de Janeiro: SEXTANTE, 2011. p. 406.
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