Arquitetura

 A arquitetura deste movimento evidencia clareza, austeridade, ordem, linhas e ângulos retos e influenciou consideravelmente a arquitetura moderna, através dos trabalhos dos arquitetos J. J. P. Oud, de Robert Van’t Hoff e de Gerrit Thomas Rietveld.
O resultado deste movimento foram construções com tetos planos e nivelados, paredes lisas e despojadas e espaços internos flexíveis, que acabaram por se tornar um estilo internacional, que ainda pode ser encontrado atualmente.
A primeira vez que as ideias do Neoplasticismo passam para um objeto trimensional acontece em 1917, pelas mãos de Gerrit Rietveld, na sua cadeira Red and Blue.

Figura 8 – Cadeira Azul e Vermelha, Gerrit Rietveld

Porém, só em 1924, a passagem dos princípios do neoplasticismo para a arquitetura fica concluída com a casa Schröeder-Schräder (edifïcio canónico do movimento), também de Rietveld. Na arquitetura, os elementos fundamentais do neoplasticismo passam a ser os planos horizontais e verticais (vistos de maneira abstrata) sem nenhum outro elemento que os remeta às figuras tradicionais da arquitetura. Cada divisão (quarto, sala, cozinha...) passam a ser tratados como simples espaços, as paredes como “planos verticais“ e os lajes os “planos horizontais“. Os locais de passagem, a iluminação e a ventilação serão o resultado da composição dos elementos. Até as cores primárias continuam a ser usadas.
No projeto de Thomas Rietveld para a Casa Schröder – uma construção claramente neoplasticista -, percebemos a clareza linear e plana das partes separadas que combinam com grupos de relações espaciais que se modificam. Este foi o primeiro edifício que incorporou a gama completa das intenções formais, espaciais e iconográficas do movimento e foi construído entre 1923 e 1947. Este edifício contrasta drasticamente com os edifícios vizinhos construídos a tijolo devido às suas formas retangulares, lisas e às cores primárias nunca antes vistas em construções. Os planos desta construção são articulados por linhas finas de janelas e balaustradas e são pintados a preto, azul, vermelho e amarelo, contrastando com as superfícies cinzentas e brancas. O próprio interior da Casa Schöder dá continuidade ao tema estético.

Figura 6 - Casa Schröder (1924-1925) – um dos pontos altos deste estilo, pelo arquiteto e designer Gerrit Rietveld

Gerrit Rietveld (um arquiteto neoplasticista), usava figuras desconectadas, colocadas de forma assimétrica, firmadas por traços que marcam todo o conjunto e que utilizam as cores do movimento. A forma básica das construções é em cubo, no entanto, percebe-se a decomposição em projetos horizontais (em parapeitos e marquises, por exemplo) e verticais (que estão presentes em pilares). Quanto ao interior das construções, mantém o padrão do neoplasticismo, seguindo rigorosamente a composição com linhas verticais, horizontais e com a utilização de cores primárias – tanto na arquitetura da construção como na sua própria decoração.

A planta apresenta-se muito racional e, obviamente, com as mesmas características defendidas pelo movimento.

J.J.P. Oud – um arquiteto igualmente relevante neste movimento - foi um dos primeiros autores das “caixas arquitetónicas“. Em 1917, o seu projeto para casas de praia em Scheveningen descreve-se como um conjunto de caixas regulares empilhadas umas sobre as outras. A obra, como um todo, define-se como uma arquitetura de grande rigor técnico. No café Unie – projetado por este arquiteto – notamos a combinação e a ordem estritamente linear e retangular, com fluxo e movimento assimétricos.

Ainda em 1924, Van Doesburg dedica-se a estabelecer os princípios do neoplasticismo na arquitetura, que podem ser resumidos da seguinte maneira: i) a arquitetura neoplástica deve ser antimonumental, antidecorativa e não-tipológica; ii) as suas superfícies serão planas, não admitindo dramaticidade decorativa; iii) a sua planta deve ser aberta, sem diferenciação rígida entre interior e exterior; iv) rejeita, como método projetual, os consagrados recursos clássicos de simetria e repetição, propondo o equilíbro de massas e figuras; v) não tem fachadas.

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